quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Prédios desabam no Centro do Rio

No meio do caminho, milhares de pedras e poeira. Passei pela Cinelândia minutos após o desabamento de três prédios, nos fundos do Theatro Municipal do Rio, e a cena era de assustar, na noite de quarta-feira (25/1). Na parede lateral do edifício da esquina da Almirante Barroso 6 com Rua Treze de Maio, estava a marca preta, a sombra do Liberdade, de 20 andares, que acabara de desabar. Junto vieram outros dois, de dez e quatro andares, na Rua Manoel de Carvalho, que faz a ligação com a Av. Rio Branco.

Os bombeiros socorriam os feridos, enquanto os empoeirados sobreviventes não acreditavam na própria história a contar. Se fosse mais cedo, frisavam, a tragédia teria sido maior. Gilberto Figueiredo, que trabalhava em um escritório no nono andar do Liberdade há três semanas, conseguiu escapar e estava preocupado com um colega que ficara para trás. O vendedor Elias Nascimento Rosa contava que ouviu três barulhos antes de ver o prédio cair. Há 20 anos trabalhando no Largo da Carioca, àquela hora namorava ali perto. “Se levei um susto? Foi um milagre. Se é de dia, tinha morrido muita gente, que passa toda hora, daqui para lá”, contava.

A estudante Luanna Gabriel ouvia uma palestra sobre marketing, no prédio em frente, com um grupo de colegas. Desceram as escadas a pé ao ouvirem as sirenes dos bombeiros chegando. Embaixo, os dois carros empoeirados dos alunos sofreram avarias. Os veículos de uma autoescola próxima ficaram piores.

A atriz e diretora do recém reformado Theatro Municipal, Carla Camurati, contava o tamanho do susto que levou. “Quando falaram que o prédio do Itaú tinha caído, pensei no do centro cultural de São Paulo. Quanto entendi que era o da agência aqui na rua, fiquei azucrinada. Vim correndo”, dizia.

As salas de ensaio no anexo do TM, vizinho aos dois prédios que caíram, estavam vazias por causa do recesso na programação. Os funcionários do Municipal lembravam o barulho de uma obra que estava sendo feita no Edifício Liberdade nos últimos dias e noites. Para muitos, aí pode estar a origem do drama e das mortes.