A Rio+20 entrou na segunda fase com a participação dos líderes mundiais, nessa quarta-feira (20). Muita água ainda vai rolar, em torno dos ajustes no documento final. A propósito, a proteção aos oceanos não pode ficar de fora, para a maioria dos ambientalistas e pesquisadores.
Na grande agenda da Rio+20, merece destaque o encontro "O futuro sustentável", promovido pela Coppe/UFRJ, com palestras na Cidade Universitária, no Fundão, e exposição no estande do Parque dos Atletas, na Barra da Tijuca. Num dos debates, o diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe/UFRJ, Segen Estefen, falou da importância de se evitar a degradação dos ecossistemas marinhos, que representam 71% da Terra: "Os oceanos são os grandes regularadores do clima. Protegê-los é garantir proteção da população que vive a menos de 70 quilômetros do litoral."
Paulo Cesar Rosman, professor do Programa de Engenharia Oceânica da Coppe/UFRJ, destacou a fragilidade dos oceanos: "São como um fino saco plástico que protege a melancia. Eles não são tão poderosos como pensamos e vivem sendo agredidos. Há ilhas de detritos que migram de um continente ao outro, como mostrou o exemplo do tsunami no Japão, quando grandes estruturas se deslocaram e foram parar nos EUA."
Rosman lembrou que as megacidades brasileiras estão na zona costeira e muitas ocupam áreas de baixada, pressionando ainda mais o solo com a densidade habitacional. "O peso do processo de adensamento deixa as cidades em um nível mais baixo do que o do oceano, e isso preocupa. A elevação do nível médio do mar impactará moradias das baixadas, em geral com populações de baixa renda. Com as mudanças climáticas, haverá alteração de ventos, ressacas mais fortes, mudanças de desenhos das praias e impacto no fornecimento de água doce", disse.
O professor Rosman citou números para falar do prejuízo previsto no Brasil. Segundo ele, estudos apresentados no Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, apontam prejuízo de R$ 200 bilhões no patrimônio impactado no Brasil: "Recomendamos 14 ações de prevenção, entre 2010 e 2050, no valor de R$ 4 bilhões. É o seguro mais barato que se pode fazer. Não é nada em comparação com o patrimônio que será atingido."
Diante de tantos problemas, a conscientização da população sobre a importância dos oceanos precisa crescer, segundo o presidente do Instituto Rumo Náutico, Axel Grael. "Trabalhamos isso com os jovens, como no Projeto Grael. Ao mesmo tempo que aprendem a velejar, eles ajudam a monitorar a qualidade da água na Baía de Guanabara e a ter uma outra visão sobre o ambiente."